Nunes et al. (2010) relatam que a partir dos anos setenta do último século iniciou-se no Brasil a instalação dos primeiros cursos de pós-graduação stricto senso em saúde pública, observando que a expressão “saúde coletiva” não era usada ainda nessa época. Os primeiros programas foram então criados, em 1970, na Faculdade de Saúde Pública da USP; em 1971, na Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto; em 1973, na Faculdade de Medicina da USP de São Paulo; em 1973, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia; e, em 1974, o mestrado em Medicina Social do Instituto de Medicina Social (IMS)/UERJ.

Portanto, o nosso Programa de Pós-Graduação é o segundo mais antigo do país. Desde sua criação, possui vinculação com o Departamento de Medicina Social (DMS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Este departamento foi fundado pelo médico e professor José Lima Pedreira de Freitas (1917-1963), um dos responsáveis por descrever plenamente a doença de Chagas, detalhando o seu ciclo e discriminando seu agente causal, vetor e manifestações clínicas.

Sob a liderança do professor Nagib Haddad, o DMS iniciou seus cursos de Mestrado e Doutorado conservando como proposta o delineamento preventivista. Foi então fortemente enfatizada a bioestatística como “método” científico, o caráter biologicista e quantitativista da pesquisa, o privilégio dos “fatos” (dados) e a busca de associações estatísticas que falavam por si mesmas. Neste contexto, a disciplina de Metodologia Epidemiológica tinha grande destaque. Em adição, transferiu-se em 1976 ao DMS o cientista social José Carlos de Medeiros Pereira, trazendo a incorporação do referencial das ciências sociais na interpretação da saúde-doença, da estrutura dos serviços médicos e das políticas públicas do setor saúde e, sobretudo, das correntes de interpretação da sociologia acerca da realidade social. Consequentemente, integraram-se conteúdos de ciências sociais aplicados à medicina no ensino de pós-graduação.
Em sua primeira fase, de 1971 a 1999, o Programa teve a denominação de “Pós-Graduação em Medicina Preventiva”. Neste período, foram defendidas 52 dissertações de Mestrado e 37 teses de doutorado. O corpo de orientadores contava com os professores Afonso Dinis Costa Passos, Amabile Rodrigues Xavier Manço, Antonio Ribeiro Franco, Antonio Ruffino Netto, Breno José Guanais Simões, Clarisse Dulce Gardonyi Carvalheiro, Jarbas Leite Nogueira, Jose Carlos de Medeiros Pereira, José da Rocha Carvalheiro, Juan Stuardo Yazlle Rocha, Nagib Haddad, Neiry Primo Alessi e Uilho Antonio Gomes.

A partir do ano 2000, o Programa passou por uma ampla reformulação, passando a ter a atual denominação. O Programa iniciou esta nova etapa oferecendo somente o curso de Mestrado. A partir de 2011,  o curso de Doutorado foi reativado. O quadro a seguir mostra o número de titulações do Programa a partir do ano 2000. Em 2014, houve a primeira defesa de Doutorado sob a denominação de “Programa de Pós-Graduação em Saúde na Comunidade”.

Ano Mestrado Doutorado
2000 1 3
2001 4 1
2002 9
2003 21
2004 28
2005 13
2006 22
2007 25
2008 15
2009 15
2010 19
2011 25
2012 22
2013 18